domingo, 24 de março de 2013

Domingo

As árvores parecem gostar de frio e de domingo. Frio e domingo parecem se gostar. Todo o campo fica mais viçoso, mais bonito. Escurece o verde e resta aquilo que não restou. Eu estou tão acostumada a esse tristeza fina... Cobre-me como um veu do anoitecer, e tudo em mim se contrasta: meu coração ainda ferve, ainda doce. Eu sinto o calor do sol que há em mim, mesmo quando - ainda mais quando! - o vento vem soprar seu gelo, gotas de chuva me caem sobre o cabelo.
Despejo sobre minha casa a minha reza.
Despejo sobre ela, pois é nela onde eu vivo a profundeza do que sou.
Estou pedindo pra Deus manter o meu sagrado vivo. Viro oradora fervorosa, se for isso o que preciso!
Mas eu sinto Deus... Conversando comigo numa língua que desaprendi.
Deus gosta de mim, me perdoa e me acompanha. Ele conhece a criança que eu sou.
E no domingo, sabe que vou dançar a sua dança e cantar todo seu canto com clamor. Eu vou encher os meus pés de alegria! Passa vento, passa frio, e também passa a guria, me rodopia, me atira um beijo, me enche de flor - eu agradeço, ela se despede. Volto a janela. Volto aos campos. Volto do verde escuro onde eu nasci. Eu sempre fui isso, isso sempre fui eu. Estarei aqui todo o domingo. Esquecerei tudo comigo.
Morri e renasci, mas é aqui onde termino.


sábado, 16 de março de 2013

Vida leva eu!

Interessante como algumas coisas vão tomando forma devagarzinho aos nossos olhos nessa vida, sem que sequer nos demos conta!
É interessante notar que a vida tem seu jeito próprio de se comunicar conosco... Geralmente por sinais.
Eu nunca acreditei que viemos a este mundo com um propósito. Não fui criada com as noções de karma ou reencarnação. Nem ao menos enxergava as pessoas como seres espirituais, que fazem por aqui sua passagem num grande e eterno ciclo que não cabe a mim compreender. Mesmo porque, aderir a estes pontos de vista significa não só trilhar um caminho diferente do da minha familia, mas também da nossa sociedade, tão apegada cientificamente e tão presa as suas raízes antropológicas que ri-se toda quando ouve falar de algo maior que nós. Algo maior que isso. Algo que é sensível, mas não pode ser provado. Algo que nem sequer vemos! Pois, ora. Há de se pensar que alguém que acredite nisso seja mesmo um doido!
Gente, eu relutei. Mas acho mesmo que virei um doido, igual esses aí. Que sentem e nem querem prova. Não precisam ver pra crer. Que não tocam mas se sentem tocados, numa dimensão que (haha) nem mesmo é física!
E também não me importo com o nome que dão pra isso. Deus, Jesus, Buda, Luz, Amor, Sol, Estrela brilhante do horizonte, Batata frita... tanto faz.
Tudo começou bem devagar - porque a vida é esperta. E sabe que tem coisa que tem que entrar de mansinho, ou então nunca vai poder entrar. Começou comigo, querendo reestabelecer meu laço com o Divino. A vontade surgiu, e depois vieram os muitos convites: para retiros, para missas, para cultos, para tardes de meditação... E eu acho que não recusei nenhum. Fui. E comecei a ver, no entanto, que os "sinais" não acabavam por aí e não se restringiam aqueles lugares dedicados ao sagrado... Os sinais estavam por toda parte. Sem brincadeira. De repente eu entendi que aquela velha historia de que tudo está conectado não é conto-de-fadas.  Daí em diante, tudo mudou. Tudo tem mudado. Meu olhar sobre os dias. E principalmente, e especialmente sobre nós, seres-vivos. Pessoas.
<3 Muitissimo Grata, eu me despeço.
E ah! Só avisando: se você veio aqui e leu este post... Isso não foi por acaso.

;)

sexta-feira, 1 de março de 2013

Aprender a ser feliz!

Eu tive que aprender a amarrar os sapatos. A não falar palavrão em público.  A me portar na mesa. A devolver o que não é meu. Aprendi muita coisa em 20 anos, sendo hoje um ser bem "adestrado".
O que eu nunca soube é que existe esse negócio de aprender a ser feliz. Sabia que existe?
Acho que até anteontem eu estava esperando que uma ação pudesse modificar todo o meu estado de espírito. Que um dia pudesse mudar o meu mês ou até o meu ano!
Tsc, tsc, tsc - nada disso! - a vida me respondeu. - Se quer mesmo ser feliz, estar de bem com você mesma e com a vida, vai ter que suar a camisa! A camisa dos hábitos. Vai ter que aprender a viver um dia de cada vez e a aceitar o que eles te deixarem em frente a sua porta ao fim do dia. Vai ter que recolher o pacote e ser humilde pra retirar as lições, como um ato cirúrgico!
Pois bem, vida, me aguarde. Estou a colocar minhas luvas!  ;)


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